Cada ser vivo é único, com características próprias que o faz especial e diferente dos demais. Isso vale para pessoas e também todas as outras espécies que estão sobre esta terra. Essa é a minha verdade. É o que acredito e o que defendo.
Cada cachorro, gato e até os passarinhos que conheço diferenciam-se de alguma forma. Sempre foi fácil para mim identificar de quem é um latido, um canto, mesmo de longe.
Porque acredito que são únicos, eu me sinto muito triste quando um dos canarinhos não volta.
Essa semana, o Rinho, meu primeiro canário, e meu grande cantor, resolveu seguir seu caminho.
O Rinho teve muitas oportunidades para ir embora. Mas por algum motivo, que eu não sei qual, somente agora ele o fez.
Foram seis anos de grandes alegrias. Seis anos de um canto maravilhoso, que nunca ouvi igual, enchendo a minha casa de vida!
O Rinho cantava com o latido dos cachorros, com o meu aspirador de pó, com a água da chuva e até mesmo com a água da torneira da pia da cozinha. Ele cantava de manhã, quando eu demorava para abrir a porta da sala. Cantava quando eu conversava com ele. Cantava de noite, quando qualquer passarinho "de família" já virou bolinha e foi dormir com a cabeça no meio das penas.O Rinho cantava alto. Cantava lindo.
Esse canto era o som natural de todos os meus dias. Algo com o qual eu estava tão acostumada que nunca sequer havia pensado em não ouvir.
Ao mesmo tempo em que nunca quis que ele partisse, também desejava que ele fosse livre. A idéia de vê-lo morrer sem ter experimentado a liberdade de ser passarinho não era eu desejava para aquele canarinho cantor, que eu tanto amava.
Então, ao mesmo tempo em que sinto uma falta enorme desse meu companheiro, eu também sinto que ele viveu como desejou viver. Ficou o quanto quis, e partiu quando sentiu que era a hora.
Minha casa está sem som. Meu coração silenciou. Eu estou triste, com saudades, mas estou em paz. Foi meu canário cantor quem me ensinou o verdadeiro amor aos pássaros e me fez entender que todos merecem ser livres. Por causa dele, eu mudei. Por causa dele, muitos canários vivem hoje livres, do jeito que muita gente fala que não poderia.
Ao meu parceiro de jornada, me resta somente dizer (parafraseando a célebre frase do Drummond)...
Vai, Rinho, vai ser passarinho na vida!